quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Nossas candidaturas não são competitivas, somos obrigação da lei eleitoral e apropriação masculina.

Em uma naturalização da representatividade masculina de homens brancos nos espaços políticos, hoje temos o subversivo número de 9.353 candidaturas femininas! Porém muitas destas mulheres foram ludibriadas, iludidas ao serem convidadas a saírem candidatas, uma vez que não terão campanhas com viabilidade eleitoral. Suas campanhas serão ineficazes e terão um percurso complicado, inseguro, aflitivo e muito constrangedor. 

Estamos crescendo, mas qual é a qualidade destas candidaturas? Os partidos estão proporcionando condições para sermos eleitas? Ou continuamos sendo apropriadas, instrumentalizadas e/ou usadas para os cumprimentos dos requisitos das legislações eleitorais? 

O maior motivo para ser candidata nestas eleições de 2022, foi a baixa representatividade das mulheres nos Poder Executivo e Legislativo. Para as mulheres, ainda não é nada fácil romper a “bolha masculina”. Devido as relações estruturais marcadas pela opressão no gênero feminino, as mulheres ainda enfrentam diversas contendas para alcançar os espaços políticos.   

Agora em 2022, segundo constam no registro de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o número de mulheres que se candidataram é o maior das últimas três eleições, chegamos a 33,27% do total e dentro deste número cresceu o número de mulheres autodeclaradas pretas. 

Para uma paridade nas políticas públicas sociais, o número ainda não representa um ideal, pois elas além de terem que convencer o eleitorado da importância de serem votadas, estão no meio de um menosprezo partidário pelas candidaturas femininas.  Os partidos políticos largam suas candidatas a própria sorte!

A paridade de gênero dentro dos partidos políticos, mesmo os de esquerdas, que tradicionalmente milita pelas minorias, ainda enfrenta resistências seríssimas. Ressalto, mesmo os partidos de esquerda, se utilizam das mulheres com o objetivo de fraudarem eleições, em busca de vantagens pessoais e econômicas, tais como o fundo eleitoral. 

De Eunice Michiles a primeira mulher a ocupar um espaço no Senado Federal (1979 e 1987), pode se considerar que os avanços ainda são muito lentos. A representatividade feminina nos espaços de poder é suportada e elas são tratadas como peças decorativas, pois caso subvertam a ordem masculina, exercendo seu mandato plenamente, há diversificadas resistências: da sutil à violenta, com a nossa fala, com nossos projetos, com nossas deliberações. 

Por gerações, o meio político está majoritariamente ocupado por homens, os quais admitem com uma resistência velada, a presença feminina, mas rechaçam o pleno exercício político feminino. Suportam presença feminina, mas violentam o seu exercício de poder.   

Estamos falando de um Brasil, onde há poucos anos as tutelas de legislações criminais, era medido pela “decência feminina”, ou seja, pelo comportamento social da mulher, sendo este a régua, para serem ou não protegidas pelo Código Penal. 

Apesar de ter no seu histórico o apoio ao golpe civil-militar que derrubou o presidente João Goulart, em 1964, deve-se registrar que Carlota Pereira de Queirós foi eleita em 1933, a primeira deputada federal da história do Brasil. No entanto, pouco se mudou de 1964 a 2022, e as poucas mulheres que conseguiram perfurar a bolha política masculina, enfrentam ou enfrentaram diuturnamente, diversas formas de agressões nos espaços de poder. 

Quando as mulheres, principalmente as pretas são denominadas de “corajosas” ao dizerem que são candidatas, a contemporaneidade demostra os motivos perigosos. Do homicídio em 2018 da parlamentar Marielle Franco (PSOL/RJ), que militava pelos direitos humanos e feminismo ao número de 100% das candidatas negras que nas eleições sofreram algum tipo de violência política. 

Os próprios partidos políticos não proporcionam às mulheres, candidaturas competitivas, apenas estamos preenchendo requisitos da lei eleitoral, de um percentual mínimo de 30% e sendo instrumentalizadas pelos interesses de candidatos masculinos e partidos políticos, os quais se apropriam da figura feminina, por entenderem que influenciarão a representação em diversos grupos da população. Entretanto, uma vez eleitas, são silenciadas, dirigidas, controladas e matadas. 

Muitas candidaturas femininas não têm suporte político e estão carentes de verbas de campanha. Este percurso torna-se ainda mais penoso, embaraçoso e intratável, quando os homens do partido, percebem que ELA entrou para a campanha para competir e tem propósito de disputar uma cadeira. Paulatinamente você passa perder o apoio partidário ou ressalto apenas querem seu retrato para conquistar voto. 

Uma vez com suas candidaturas confirmadas, ELAS perdem o apoio e passam contar exclusivamente com seu entorno comunitário e são orientadas também a invisibilizar suas identidades de gênero, territorialidade e religiosidade. 

Apesar que as candidaturas femininas vêm aumentando, o arcabouço jurídico para dar viabilidade e proteção às mulheres candidatas e eleitas, ainda é muito frágil, o que reverbera diretamente no exercício democrático.

Mesmo candidata de um partido de esquerda, verifica-se uma total falta de subsídios, para alçar um lugar de representatividade. Desta forma, devemos identificar e manifestar os comportamentos de partidos políticos que sequestram candidaturas femininas para as usarem aos interesses da ordem machocêntrica imposta.  

Por isso mulheres não podemos deixar de lutar, porque se pararmos quem fará por nós?  

Lisdeili Nobre é Delegada de Polícia Civil, Doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania Professora Universitária, Cronista de diversos Blogs, Feminista, Abolicionista Penal, Ativista social em projetos de Políticas Criminais de Prevenção Primária e sustentabilidade ambiental.


17 comentários:

  1. Em parte está com a razão. Porém, a participação feminina nas campanhas eleitorais independe de leis, pois como sabemos, os políticos brasileiros adoram fabricar leis que nunca são cumpridas, nem pelos autores. Portanto, para que haja um número maior de parlamentares femininas, basta que as mulheres queiram participar, e antes de tudo, que se cabe com a lei eleitoral que somente favorece os bandidões de cara alta.

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  2. O número de eleitoras é maior que eleitores, porém nem as própria mulheres votam em seu gênero...aí fica difícil buscar simetria no Congresso Nacional

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  3. Parabéns para todas as Mulheres que lutam, independentemente do partido que faça parte.
    Mais não basta ser Mulher, assim como não basta ser Negro para merecerem o nosso voto como Eleitoras ou Eleitores.
    Têm que ter um algo a mais.
    E para nós como eleitores e Eleitoras independentemente de cor da pele, da condição socioeconômica, cultural não podemos se deixar de observar o óbvio.
    Que moramos no mesmo planeta, Continente, País "Estado e Município", e sob as mesmas condições Capitalista, Seguimentado e altamente Competitiva.
    E olhando pôr esses lados devemos nos perguntar porquê votar, e se devemos votar nesse ou naquele seguimento?
    Porquê, votar em um/a Professor?
    Porquê, votar em um/a Policial?
    Porquê, votar em ex membro do Judiciário?
    Porquê, votar em Advogado/A?
    Porquê, ajudar a eleger, um/a Explorador do ramo dos negócios da Educação Privada?
    Porquê, ajudar a eleger, quem manda na AGERBA?
    Sendo eu , Um/A trabalhador do sistema informal de transporte?
    Não podemos deixar de observar que a ( direção sempre é mais importante que a velocidade).
    Quem confia nos serviços dispensados pela...
    Para assim poder confiar em lhe confiar o seu passando, presente e futuro.!?

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    1. O sistema informal de transporte... acho... O Sr que falar que faz transporte clandestino?

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    2. Pergunta no início de frase é POR QUE ( separado sem acento) esse PORQUÊ (junto com acento) é motivo razão e tem que ser precedido por artigo a ou o.

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  4. Qual a lei que impede mulheres de se candidatarem? Se o número é menor em relação ao de homens é simplesmente pq as mulheres não querem. Simples. E mais, os mesmos partidos de esquerda que dizem defender mulheres são os que fazem o que está no texto da reportagem. Acho que erraram o nome da cartinha de hipocrisia para democracia.

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  5. Até comecei a ler, mas o texto é muito grande. Deu preguiça... Em vc tbm né kkk

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    1. Não, não tenho preguiça para ler. A leitura sempre foi uma atividade prazerosa e cultural para mim. Mas, você tem uma certa razão, realmente a leitura causa uma certa aflição para aqueles que não possuem a capacidade de entendimento.

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    2. Algumas coisas são necessárias ler, já outra como o artigo assim, não tem tanta necessidade, já que é mas um "choro", ou alguém se vitimando.

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    3. kkkk em mim, deu. Olhei o tamanho e a pauta... só li o início tbm

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  6. vcs são as primeiras as votarem contra vcs mesmo. tiram DILMA do poder e vcs ficaram todas caladinhas.

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  7. Como o próprio texto diz, são 9.353 candidaturas femininas! Porém muitas destas mulheres foram ludibriadas, iludidas ao serem convidadas a saírem candidatas, uma vez que não terão campanhas com viabilidade eleitoral. Suas campanhas serão ineficazes e terão um percurso complicado, inseguro, aflitivo e muito constrangedor.
    Desculpem mas vçs são as primeiras a vim com esse papo de subestimação, votem em vçs mesmas para melhorar o dia a dia de vçs, mas o instinto competitivo das mulheres não permite isso, mulher não gosta que outra se dêem bem , só isso tenho a dizer.

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  8. Não perco meu tempo em ler abobrinhas não importa homem ou mulher o que interessa é a capacidade mental!! Pronto falei!

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  9. velho,ja ta na hira de agente parar com essa desgraça de feminismo,machismo,e focar mais no respeito,tem muito home que desrrespeita mulher,sim,tem!mas tem muito homem que respeita tbm,assim como tem mulheres desgraçadas por ai tbm.toa hora esse abuso de mulher tm que se empoderar,besteira do caralho.empoderamento é a mulher ser inteligente,seletiva em suas escolhas,suas decisoes.

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    1. Mas é isso q dá curtida na internet. A globo disse q tem q ser assim, o povo só obedece kk

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  10. Tem diferença entre candidatura e competência.

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