Anailton Marques já vinha ameaçando Sandra de morte. Mesmo assim, a vítima ainda ajudou o marido a sair da cadeia, onde cumpria pena por violência doméstica
Um relacionamento conturbado, marcado pelo excesso de ciúme e muita violência. De um lado, a empregada doméstica Sandra Silva Santos, de 42, mãe de dois filhos menores, frutos do seu primeiro casamento. De outro, o atual marido e ex-presidiário, Anailton Marques da Silva, de 33 anos, tido como um homem grosso, possessivo e extremamente violento.
Sandra e Anailton estavam juntos há cerca de dois anos e meio. Uma relação de muitas idas e voltas, que teve um ponto final na noite de sábado (03). Um “divórcio”, cujo juiz foi o próprio marido e cuja petição foi assinada com sangue. Sandra, que tentou incansavelmente levar a união adiante, chegando a batalhar para tirar o esposo da cadeia, foi vencida pelo ódio de um companheiro ciumento, vingativo e frio.
Um crime passional, que repercutiu em toda a região e que estampou as manchetes de sites, blogs e TVs. O palco da tragédia foi a rua Travessa Central, no bairro Maria Pinheiro, em Itabuna. Na cama do quarto do casal, um corpo inerte, cheio de marcas da violência.
A empregada doméstica foi friamente assassinada a pauladas. Após o crime, o assassino deixou a casa, tranquilamente, e foi para a residência da avó, como se nada tivesse acontecido. No domingo (04), dia seguinte ao crime, os vizinhos estranharam a ausência da mulher e de Anailton e resolveram arrombar a janela do imóvel, descobrindo, perplexos, o que havia acontecido. Chamaram, então, a irmã da vítima e, consequentemente, a Polícia Militar foi acionada.
Logo, a área foi isolada pela PM, para que o local ficasse preservado, facilitando, assim, o trabalho da perícia técnica. A rua lotou de populares, que estavam revoltados com tamanha crueldade. Todas as pistas levavam a um só suspeito: Anailton que, a essa altura, descansava na casa da avó.
A revolta foi tanta que, quando o irmão do acusado chegou na rua, foi confundido com o criminoso. Mas, numa atitude solidária e justa, disse que, ainda que o responsável pelo crime tivesse sido seu irmão, ele teria que pagar pelos seus erros. E, após falar isso para os familiares de Sandra, levou a polícia ao local onde o suspeito estava.
Inicialmente, Anailton negou tudo. No entanto, horas depois acabou confessando e contando detalhes do assassinato. O homem tinha deixado o presídio de Itabuna na última quarta-feira (1º), onde cumpria pena, justamente por violência doméstica. Segundo ele, nos cinco meses que ficou preso, a mulher teria lhe traído com um amigo de prenome “Binho”. A suposta traição teria sido o motivo do feminicídio. “Ele dizia que era meu amigo”, resumiu ao Verdinho”.
As alegações, entretanto, não justificam tamanha truculência. A mulher, além de agredida com um pedaço de pau que tinha pregos na ponta, foi asfixiada. A polícia, por meio da delegada Magna Sueli, continua investigando o caso. A arma usada pelo criminoso está sendo procurada.
Histórico de violência
O assassino já tinha um perfil violento e, por inúmeras vezes, foi flagrado batendo na vítima, até na frente das crianças. Só no ano passado, Sandra havia registrado cinco queixas contra o companheiro. A mais recente cena de agressão foi registrada, inclusive, na véspera do crime, quando testemunhas presenciaram o acusado arrastando a empregada doméstica para a rua e espancando-a.
No dia do tragédia, Anailton, que já foi preso quatro vezes (por agressão e outros delitos), foi visto bebendo na porta da residência do casal. Em entrevista ao Verdinho, ele sempre dava um jeito de acusar a vítima. Disse até que trabalhava como agente de endemias antes de ser preso e que a esposa é quem pegava o dinheiro dele. Citou também a suposta infidelidade.
De acordo com testemunhas, as ameaças de morte já vinham acontecendo há muito tempo. Nos meses em que esteve preso, ele teria reforçado que mataria a mulher assim que saísse da cadeia. E o fez.
Sandra, infelizmente, foi mais uma entre as milhares de vítimas da violência doméstica. Mulheres, reféns de maridos dominadores, que acham que o poder de tirar a vida está nas mãos deles. Vale lembrar que Sandra, empregada doméstica, mãe, filha, irmã, brasileira, itabunense, foi morta pelo seu parceiro na semana do Dia Internacional da Mulher (08 de março).
É certo que o assassino um dia sairá da cadeia, mas Sandra, assim como milhões de brasileiras, entrará no memorial vergonhoso de crimes contra mulheres.
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