O diretor do Complexo Integrado de Educação Básica, Profissional e Tecnológico (CIEBTEC), localizado em Itabuna, cidade do sul da Bahia, Denelísio Nobre, foi afastado do cargo após estudantes denunciarem atos de importunação sexual, assédio moral e racismo.
A medida foi tomada pela Secretaria de Educação da Bahia (SEC) após alunos procurarem a advogada Úrsula Matos, depois que ela fez uma palestra na unidade, para comentar sobre os comportamentos do diretor.
“Fui convidada pelo CIEBTEC para dar duas palestras: uma sobre violência doméstica e a outra sobre assédio sexual e moral na escola e no trabalho. Ao final da palestra mais de 20 adolescentes e jovens me cercaram e começar a relatar as coisas que estavam vivendo protagonizadas pelo diretor Denelísio Nobre”, afirmou.
“Meninas que me falaram sobre oferta de valores para fazer favores, como dar um beijo. Valores sexuais né. Teve uma delas que ele chegou a ofertar R$ 200 para que desse um beijo na boca dele”, contou a advogada.
As denúncias de racismo, importunação sexual e assédio moral foram registradas na Delegacia Territorial (DT) de Itabuna. Segundo a Polícia Civil, a investigação está sob segredo de Justiça.
A Secretaria de Educação do Estado informou, inicialmente, que o servidor havia sido afastado das funções. Depois, o órgão disse que ele fora das salas de aula por motivos de saúde. A pasta afirmou ainda que a direção do Núcleo Territorial de Educação do Litoral Sul (NTE 05), Ouvidoria e Corregedoria mantêm diálogo com a comunidade escolar.
Para a TV Santa Cruz, afiliada da TV Bahia na região, o diretor negou as acusações e disse desconhecer o teor das denúncias. Ele ressaltou que tem mais de 30 anos de serviços prestados na educação em Itabuna, sem nenhum tipo de reclamação, e não quis gravar entrevista.
Reunião com ‘linguajar juvenil’ e insistência por beijo
Segundo Úrsula Matos, os estudantes denunciaram o comportamento do diretor durante uma reunião que aconteceu em 2024, onde ele teria usado palavras com teor sexual.
“Nessa reunião Denelísio, que é o diretor, proibiu a entrada da vice-diretora e dos professores. Uma das mães chegou lá para entregar um objeto para uma aluna e ele disse: ‘Vaza daqui. Entrega e vaza’. Nessa reunião, que a gente não sabe qual o propósito, ele disse que tinha utilizado linguajar dos adolescentes. E aí ele começou a falar coisas absurdas”, relatou.
Um dos estudantes, que preferiu não revelar a identidade, contou que o diretor pediu para que os alunos não se assustassem, porque ele iria “falar na linguagem juvenil”, que “quem quisesse pegar ele, tava de boa” e que “quem era gay, que podia dar mesmo, e que mulher podia dar também, só que tinha que ter cuidado para não engravidar e ficar com os peitos murchos, caídos”.