sexta-feira, 26 de outubro de 2018

'Dou graças a Deus por essa nova oportunidade', diz refugiado da Venezuela recebido na Bahia


"Desde o primeiro momento que eu cheguei no Brasil eu recebi ajuda de todo mundo e muito bom trato. Me sinto muito orgulhoso e dou graças a Deus por essa nova oportunidade", relata, emocionado, o refugiado venezuelano Jesus Ademir de Jesus. Ele, junto com o filho de 12 anos, integra o grupo de 30 venezuelanos que chegou à Bahia na tarde de quinta-feira (25). Os venezuelanos embarcaram, por volta das 8h, em uma aeronave da Força Aérea Brasileira, do aeroporto de Boa Vista, em Roraima, com destino à base aérea de Salvador. Por volta das 14h30, adultos, jovens e crianças chegaram à capital baiana.

Em seguida, o grupo almoçou no refeitório da base área e depois foi levado pelo Exército para Alagoinhas, cidade a cerca de 110 quilômetros da capital baiana, onde 25 venezuelanos vão morar, e Salvador, onde os outros cinco irão residir [dois solteiros e três pessoas da mesma família] vão morar em Salvador. Uma equipe de 30 militares trabalhou na operação de acolhimento dos venezuelanos. "Nós já verificamos quais são esses locais até para que o itinerário não tenha nenhum tipo de problema, porque eles já vieram de uma viagem desgastante. Já temos todo o trajeto definido e os abrigos definidos para o acolhimento deles", explicou o tenente coronel do Exército, Fábio Felippe. A Bahia é o primeiro estado do país a receber venezuelanos com emprego garantido. Desde 2015, mais de dois milhões deles deixaram a Venezuela por conta de uma crise econômica. Mais de trezentos já pediram refúgio para a Bahia.

A Associação Voluntários para o Serviço Internacional (Avsi), que também participou do processo de transporte e acolhimento dos refugiados, entrou em contato com uma empresa peruana de bebidas com sede em Alagoinhas, que contratou oito venezuelanos para os cargos de auxiliar de produção, auxiliar de marketing, mecânico de caminhão e inspetor de qualidade. Conforme a associação, 25 venezuelanos, entre crianças e adultos, vão para Alagoinhas, e outros três vão trabalhar no centro de distribuição da empresa que fica na capital baiana. "Eles terão cesta básica e um transporte inicial para chegar na empresa. Já na empresa terão os termos contratuais que a companhia vai gerir", explicou assessora regional Avsi, Paula Leopoldino. A interiorização, criada para lidar com o intenso fluxo de venezuelanos que cruzam a fronteira de Pacaraima, ao Norte de Roraima, busca ajudar os solicitantes de refúgio e de residência a encontrar melhores condições de vida em outros estados brasileiros.

Todos os envolvidos aceitam, voluntariamente, participar do programa e são vacinados, submetidos a exames de saúde e regularizados no Brasil - inclusive com CPF e carteira de trabalho. A iniciativa conta com apoio da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), da Agência da ONU para as Migrações (OIM), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Para aderir à interiorização, o Acnur identifica os venezuelanos interessados em participar e cruza informações com as vagas disponíveis nos destinos. A agência assegura que os indivíduos estejam devidamente documentados e providencia melhorias de infraestrutura nos locais de acolhida. A OIM atua na orientação e informação prévia ao embarque, garantindo que as pessoas possam tomar uma decisão informada e consentida, sempre de forma voluntária, além de realizar o acompanhamento durante todo o transporte.

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