segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Suspeito de homicídios, suposto médium que atuava na Bahia se apresenta à polícia goiana

O pecuarista Antônio Miguel Rodrigues, de 55 anos, apontado como suposto médium e investigado pelo homicídio de duas pessoas na Bahia após realização de cirurgias espirituais, procurou a Polícia Civil de Goiás para se pronunciar sobre os casos. Em seu depoimento, tomado na Central de Flagrantes de Goiânia, no sábado (5), ele nega as acusações. Antônio também é alvo de apuração sobre o óbito de uma mulher em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital, pelo qual ainda não foi ouvido. O procedimento teria ocorrido em um centro espírita onde realiza seus atendimentos. Conforme as investigações, apesar de viver em Goiás, ia ao menos uma vez por mês para atender em Barreiras, na Bahia.

No termo de apresentação espontânea, repassado à TV Anhanguera por seu advogado, Daniel Rocha Couto, Antônio disse que compareceu à delegacia após receber uma ligação de seu irmão, alegando ter visto uma reportagem na TV relatando que ele teria "sob investigação de supostos erros em manobras cirúrgicas", onde algumas pessoas teriam sido "lesionadas". Segundo apuração da polícia da Bahia, as duas vítimas são Vanderluce Soares dos Soares dos Santos, de 42 anos, que chegou a ficar um mês internada, e Arnaldo Domingos dos Passos, 78. Além disso, Mário Joaci Pereira Rocha, 71, teria sofrido lesões graves após o procedimento. No documento, Antônio se defende dos casos, nega qualquer erro nos procedimentos e diz acreditar que as mortes são "suposições de pessoas, aproveitando de uma boa situação financeira" dele com o intuito de "possível indenização reparatória".

Sobre a morte de Vanderluce, o suspeito declarou que tem conhecimento da morte, mas que o óbito ocorreu cerca de 40 dias após a cirurgia espiritual. Alega ainda que a vítima já estava enferma quando procurou tratamento espiritual. Já em relação ao caso de Arnaldo, o suposto médium afirmou que o idoso já possuía tumores nos testículos e já chegou "em fase precária, com mau cheiro", vindo a morrer também 40 dias depois. Neste caso, salientou que não usou nenhum instrumento físico no paciente e que está disposto a apresentar provas em relação às denúncias. Após a oitiva, ele foi liberado. 
Além dos casos da Bahia, Antônio passou a ser investigado também pela morte de uma mulher em Goiás. Segundo a polícia, Raimunda Matos de Souza, de 55 anos, teve uma parada cardíaca após fazer uma cirurgia espiritual no centro onde o suposto médium atendia. "Ele se apresentou, mas falou sobre os casos de Barreiras, lá na Bahia. Eu tive acesso a depoimento, que é muito curto, e ele só nega os fatos lá da Bahia. Nós não ouvimos ainda aqui em Aparecida", explica a delegada Cybelle Tristão, responsável pela investigação em Goiás. A delegada informou que a mulher faleceu em 2015, que já recebeu um documento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) sobre o atendimento antes da morte e que busca parentes da vítima para dar andamento na investigação.

Em relação a este caso, a polícia afirmou que deve ouvi-lo novamente, mas ainda não há data marcada, pois a apuração ainda está em estágio inicial. "A gente precisa reunir elementos, testemunhas, porque o depoimento do autor é sempre o mais importante. Pra que a gente possa questioná-lo, precisamos ter detalhes de tudo que aconteceu. Estamos com contato do advogado. Ele entrou em contato conosco e disse que assim que for necessário, apresenta o Antônio aqui em Aparecida", afirma. A assessoria de imprensa da Federação Espírita do Estado de Goiás (Feego) informou à TV Anhanguera que o centro espírita de Antônio não consta entre os associados da instituição.

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