
Os trabalhadores alegaram estar naquela situação porque tinham sido enganados por um homem que prometeu trabalho e estavam retornando para casa sem dinheiro e contando com a ajuda de terceiros. Os policiais levaram o grupo até Eunápolis para que o Ministério Público do Trabalho (MPT) tomasse seus depoimentos e providenciasse transporte regular para a cidade de origem.
Ao ouvir as pessoas que viajavam na van, os procuradores do MPT Italvar Medina e Lys Sobral decidiram identificar um a um e colher o maior número possível de informações sobre os empregadores e sobre o esquema usado para atrair o grupo e praticar a exploração.
CASO SERÁ INVESTIGADO NO ESPÍRITO SANTO
O caso será remetido para a unidade do MPT no estado do Espírito Santo com indicação para que, a partir dos elementos colhidos nos depoimentos, sejam identificados o homem que recrutou os lavradores sob falsa promessa de trabalho bem remunerado e as fazendas que se utilizaram dessa mão de obra.
Os trabalhadores foram recrutados em Piranhas-AL por um homem oferecendo trabalho na colheita de café, com diárias que poderiam chegar a R$100. Organizaram, dia 1º de julho, a ida até o Espírito Santo, em um ônibus clandestino, acertando o valor da viagem diretamente com o motorista.
Ao chegar a Boa Esperança, foram alojados em uma casa sem condições mínimas de higiene e sem mobiliário e passaram a trabalhar em atividades diversas, sempre conduzidos por esse homem. Mas as promessas não se confirmaram e os rendimentos pelos trabalhos que fizeram ficavam entre R$20 e R$ 50 por dia.
ABUSOS
Tanto as ferramentas usadas no trabalho quanto a comida que consumiam estavam sendo pagas pelos próprios trabalhadores. Eles também tiveram que arcar com os custos da viagem de ida e não tiveram registro da relação de trabalho em suas carteiras profissionais. Até as despesas de aluguel, água e energia da casa que serviu de alojamento para o grupo ficavam por conta dos trabalhadores.
Como estavam ganhando bem menos do que o combinado e ainda tinham que assumir uma série de despesas, os lavradores se voltaram contra o agenciador e decidiram deixar de trabalhar. Tiveram que contar com a ajuda da população local para se alimentar e para conseguir um veículo para levá-los de volta para sua cidade de origem.
Com a ajuda de um vereador, eles conseguiram uma van clandestina para conduzir o grupo até Piranhas, mas ao passar pelo posto da Polícia Rodoviária Federal de Teixeira de Freitas, no extremo-sul baiano, foram abordados pelos policiais e encaminhados à unidade do MPT de Eunápolis. Após prestarem depoimento foi oferecido um ônibus em situação regular para que eles seguissem viagem. Agora, o inquérito segue para o MPT no Espírito Santo. (pimenta)
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