sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Indústrias nordestinas utilizam óleo das praias para fabricação de cimento

Desde o surgimento das manchas de óleo nas praias nordestinas, uma das preocupações tem sido com o descarte do material, já que muitos municípios não sabem o que fazer. Contudo, a indústria do cimento, na região, tem se colocado a disposição para receber esse material e realizar a sua transformação – vale lembrar que mais de 900 toneladas de óleo já foram recolhidas na Região Nordeste, segundo a Marinha, sendo pouco mais de 100 toneladas somente na capital baiana, conforme a Prefeitura.

De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), entidade técnica que representa 10 grupos responsáveis por 80% do cimento produzido no país, a indústria do cimento tem realizado intermediações junto a Marinha do Brasil, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e Agência Nacional do Petróleo (ANP) e se colocando como potencial alternativa para uma destinação ambientalmente adequada do óleo coletado.

Até agora, seis fábricas na região já iniciaram esse trabalho desde a última segunda-feira, sendo duas no Ceará (nas cidades de Quixeré e Sobral), uma em Alagoas (município de São Miguel dos Campos), uma na Paraíba (cidade de Pitimbu) e mais uma no estado de Sergipe (município de Laranjeiras). Fechando a lista, tem uma fábrica na cidade baiana de Campo Formoso, no Centro Norte da Bahia, distante 401 km de Salvador.

Segundo a Associação, os resíduos sólidos contaminados com óleo, depois de receberem tratamento adequado, estão sendo utilizados como combustível ou matéria-prima alternativa nos fornos de cimento nessas indústrias presentes na Região Nordeste. A viabilidade do uso faz com que este material seja destruído evitando assim novos impactos ambientais causados por um eventual descarte incorreto.

Processamento

Conforme a ABCP, o uso dos resíduos sólidos contaminados com óleo na produção do cimento se dá por meio da tecnologia do coprocessamento, utilizada para substituir os combustíveis fósseis – como coque de petróleo e carvão mineral – na geração de energia térmica para a fabricação de cimento.

“O processo aproveita resíduos de diferentes naturezas, como de atividades agrícolas, industriais e urbanos em substituição a estas matérias-primas não renováveis para a geração de energia, colaborando ativamente para a redução de passivos ambientais e contribuindo para a preservação de recursos naturais, além da diminuição dos gases de efeito estufa”, explica a Associação Brasileira de Cimento Portland. Ainda segundo a corporação, nos últimos 15 anos foram coprocessadas cerca de 13 milhões de toneladas de resíduos nas fábricas de cimento em todo o país.

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