sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Óleo das praias é encontrado em aparelhos digestivos e respiratórios de peixes e mariscos

O óleo que atinge as praias do Nordeste também foi encontrado nos aparelhos digestivos  e respiratórios de peixes e mariscos recolhidos em locais atingidos pela substância em Praia do Forte, Itacimirim e Guarajuba.

Os dados de uma pesquisa da Universidade Federal da Bahia (Ufba) foram divulgados nesta quinta-feira (24) pelo professor e pesquisador Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia (Ibio) da instituição de ensino, que está à frente do estudo.

Ao G1, o pesquisador contou que 38 animais, incluindo moluscos e crustáceos, foram recolhidos, no último final de semana, para a pesquisa e que todos eles apresentaram óleo no corpo. Outros 12 animais capturados na mesma região ainda estão sendo analisados.

Não é possível ainda dizer se a carga é contaminada, mas a orientação é que a população não se alimentar com animais de áreas afetadas pelo óleo, por precaução.

"A gente recomenda à população que evite o consumo de peixes e mariscos vindos, especialmente, das praias que sofreram o impacto pelo óleo. Siri, caranguejo, camarão, polvo, mexilhões, ostras, todos esses animais analisados aqui no instituto e nós detectamos a presença de óleo no interior do corpo desses animais. Nós encontramos peixes também, peixes que continham resíduos de óleo no seu sistema respiratório", declarou Kelmo.

"Dependendo da sensibilidade, a pessoa pode ter desde uma pequena reação alérgica, quando em contato direto com a pele, e, no caso de inalação dos vapores, ela pode ter tosse, rouquidão, enjoos e, até mesmo problemas respiratórios, dificuldade para respirar", falou o professor. 

"No caso de ingestão, todos aqueles sintomas da infecção alimentar. Entretanto, como esses compostos são hidrocarbonetos e tem também metal pesado, nós estamos falando de um óleo cru, isso pode trazer consequências a longo prazo, porque esse material vai ficar armazenado dentro do corpo da pessoa que consumir", disse.

Kelmo ainda destacou que a pesquisa é feita com a ajuda de alunos de pós-graduação e que o resultado das análises serão encaminhados para o Ibama.

Nesta quarta-feira (23) subiu para 13 o número de cidades baianas afetadas pelas manchas de óleo. Nesta manhã foi a vez de Maraú, no litoral sul do estado, registrar a presença do material. Segundo a Secretaria de Pesca e Meio Ambiente, pequenos fragmentos do óleo foram vistos na praia de Três Coqueiros. Funcionários da prefeitura e moradores voluntários trabalham no local para a remoção da sujeira. A prefeitura também informou que monitora outras localidades.

Além de Maraú, há registro de manchas de óleo em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Conde, Mata de São João, Jandaíra, Entre Rios, Itacaré, Vera Cruz, Itaparica, Esplanada e Cairu. As manchas de óleo foram vistas na Bahia a partir do dia 3 de outubro em praias do Litoral Norte.

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