domingo, 23 de fevereiro de 2020

Comitê da Vale afirma que Brumadinho tinha problemas há 25 anos

O relatório final do Comitê Independente de Assessoramento Extraordinário de Apuração (CIAE-A), instituído pelo Conselho de Administração da Vale para investigar o que provocou e quem são os responsáveis pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG), concluiu que a estrutura apresentava problemas há 25 anos.

 Segundo o relatório, uma instabilidade estrutural com liquefação, fenômeno em que o rejeito sólido se converte em fluido, foi a causa imediata da tragédia. Entretanto, os problemas existiam desde a época em que a Mina Córrego do Feijão pertencia à Ferteco Mineração. A Vale comprou a estrutura em 2001. "Desde 2003, a Vale tinha informações que indicavam a condição de fragilidade da B1, além de informações anteriores à aquisição da Ferteco", diz o documento. Ainda segundo o relatório, "apesar dos problemas na barragem, não foram identificadas medidas da Vale para remover as instalações administrativas. A mineradora tinha ciência de que uma ruptura exigiria a evacuação do refeitório em até um minuto". 




"Em 1995, quando a B1 ainda pertencia à Ferteco, a empresa Tecnosolo apresentou, no projeto executivo do 4º alteamento da barragem, considerações sobre condições desfavoráveis de segurança, sobretudo em relação aos altos níveis freáticos e baixos fatores de segurança", afirma o documento.

 Outro problema ocorreu em 2003, quando a Vale contratou o Consórcio Dam DF para fazer a auditoria externa, que encontrou valores de fator de segurança inferiores aos mínimos considerados satisfatórios. Entre 2010 e 2013, auditorias realizadas pela empresa Pimenta de Ávila recomendaram, em todos os anos, a realização de análises de potencial de liquefação, já que o último havia sido feito em 2006 pela empresa Geoconsultoria.

O comitê também listou 25 recomendações. Entre elas a revisão dos manuais de operação das estruturas da mineradora e o aprimoramento da metodologia de avaliação de riscos geotécnicos. Segundo a Vale, em até 30 dias será divulgado um cronograma para implementação das ações sugeridas. A mineradora também diz que repassará o relatório às autoridades que investigam a tragédia.

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