terça-feira, 12 de maio de 2020

Diplomata critica falta de liderança do Brasil durante pandemia e destaca atuação de Argentina e Índia

O diplomata Rubens Ricupero reclamou da falta de liderança no Brasil meio à pandemia do coronavírus e caminho do governo brasileiro rumo ao caos. Em entrevista a Mário Kertész hoje (12), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele declarou que o país será, em breve, pode se tornar epicentro mundial da transmissão da doença.

"As ações e declarações são, de fato, desastrosas. Infelizmente, devido ao comportamento do presidente, o Brasil está numa categoria em companhia de muitos poucos países, nenhum da importância nossa. Os únicos casos de países negacionistas como o Brasil que eu me lembre são a Nicarágua, do Daniel Ortega, o Turcomenisquitão e a Bielorrússia, onde o presidente diz que vodca é o melhor remédio contra o vírus. Esses três países nunca tiveram, nem de longe, a expressão específica que tem o Brasil", disse o ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos.

Ainda de acordo com Ricupero, na América do Sul, o protagonismo no combate ao coronavírus passou a ser da Argentina. De acordo com o diplomata, a adoção rápida de medidas contra a propagação da doença fez a diferença no país vizinho. "Os brasileiros gostam muito de olhar para a Argentina com um falso sentimento de superioridade. O presidente Alberto Fernandéz identificou logo de início o perigo. Ele decretou o lockdown, não o distanciamento. Ele proibiu sair na rua no dia 23 de março, quando o vírus começava a chegar na América do Sul. Agora, dois meses depois, a Argentina tem um número de menos de 300 mortos. Menos que 10% que as vítimas do estado de São Paulo, que tem mais ou menos a mesma população da Argentina, cerca de 46 milhões de habitantes", declarou.

"Estão em uma situação bem melhor que a nossa. Ele chamou o ex-presidente Macri para partilharem uma decisão em uma união nacional, em seguida todos os governadores de província. Ele é meio artista e gosta de tocar violão. Outro dia, numa emissora de televisão, ele de um concerto para tranquilizar as vítimas. Veja a diferença da água para o vinho. É um país como o nosso, vizinho. Agora estão apavorados com o Brasil, tanto ele como os presidentes do Uruguai e Paraguai, que olham o Brasil como uma ameaça e chamam o Brasil de uma 'bomba sem controle'. Essa é a diferença que faz a liderança", acrescentou. 

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