A Polícia Federal cumpriu no mês passado mandados de busca e apreensão em uma investigação da Operação Lava Jato sobre contratos de US$ 2,7 bilhões da Petrobras a respeito de navios. A ação fez parte da 75ª fase da Lava Jato, batizada de Boeman. Foram cumpridos 25 ordens judiciais de busca e apreensão em três estados: Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Desta vez, segundo a investigação, o alvo é a empresa de capital norueguês Golar Power Participações, que tem destaque no transporte e venda de gás natural liquefeito de petróleo, o GNL.
A Golar é a principal acionista da Usina Térmica Porto de Sergipe e fornece gás natural importado para Celse (Centrais Elétricas de Sergipe S/A), dona da térmica. Segundo o site Poder360, as empresas Golar e a Celse foram alvos de mandados de busca e apreensão nos seus respectivos escritórios. O presidente da Golar, Eduardo Antonello, também foi alvo de buscas e apreensão. Na mesma decisão, foram vasculhadas empresas pessoais de Antonello, entre outras a Mactub Administração de Bens. Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.
O deputado federal Laércio Oliveira (PP-PE) foi relator da Lei do Gás, projeto recentemente aprovado pela Câmara e agora em tramitação no Senado. Segundo a imprensa sergipana, ele teria colaborado, em seu texto, para privilegiar a utilização de gás importado para térmicas em vez de propor uma política que ajudasse a induzir o uso do gás natural brasileiro. Questionado pelo Poder 360, ele diz que não tem conhecimento sobre investigações que estão sendo realizadas na Petrobras.
"A lei do gás, na forma aprovada na Câmara, promove a abertura do mercado e atração de novos ofertantes, passando os produtores a ter estímulo para trazer o gás do pré-sal para fazer a sua comercialização, na medida em que passará a poder utilizar os gasodutos de escoamento e UPGN’s da Petrobras", afirmou o parlamentar.
Sergipe é um dos estados brasileiros com maior quantidade de pré-sal. Mesmo sob investigação da Lava Jato, em 24 de setembro, na 5ª feira passada, o dia seguinte à operação ir às ruas, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições que a BR Distribuidora compre até 50% do capital social da Golar Power. O aval foi publicado no Diário Oficial da União (clique aqui para ler a íntegra).
“A operação se dará no contexto da parceria que a BR, a Golar Distribuidora e a Golar Power pretendem implementar para o desenvolvimento do negócio de distribuição de GNL [gás natural liquefeito] para clientes de pequena escala”, disse o Cade em seu parecer.
A Polícia Federal, ao fazer buscas na Golar, cumpriu uma decisão da juíza Gabriela Hardt, da Lava Jato em Curitiba. O objetivo foi apurar possíveis ilícitos cometidos por Antonello e outros na contratação de navios lançadores de linha para a Petrobras com a empresa Sapura, do grupo Seadrill, conglomerado representado por Antonello, que teria recebido dinheiro ilegal por essas operações de agosto de 2012 a julho de 2014.
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