Após a deflagração da operação policial denominada “Faroeste”, visando desarticular grupo criminoso enraizado no Tribunal de Justiça da Bahia(TJBA) e na Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado, os delegados da Bahia parabenizam a atuação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Ministério Público Federal (MPF) e da Policia Federal pela condução de todo o trabalho investigativo que acabou por descortinar facção criminosa instalada no seio de instituições destinadas à defesa da sociedade.
A ADPEB desde 2011 denuncia o ardiloso mecanismo estabelecido no âmbito da SSP para controlar todas as investigações criminais sigilosas produzidas pela Policia Civil da Bahia (PCBA). Em 2016, em assembleia geral, onde houve participação maciça da categoria, inúmeras denúncias sobre os desmandos que ocorriam no âmbito da secretaria foram feitas, apontando-se para a sua finalidade política, sob os auspícios de Mauricio Telles Barbosa e seus asseclas, demonstrado através do controle de operações, antecipação de investigações, manipulação de dados obtidos no bojo de interceptação telefônica, conhecimento prévio de quebra de sigilo bancário e fiscal, bem como situações de vazamento desses conteúdos.
O ex-secretário Mauricio Teles Barbosa montou o maior esquema de controle de dados sigilosos do Brasil para benefício próprio e do grupo político e empresarial que representa, não medindo esforços para afastar e transferir neste intento, delegados que não concordavam com suas práticas na empreitada criminosa.
No mesmo sentir em relação ao TJBA, através da então presidente, Desembargadora Maria do Socorro Santiago, ora ré, presa e afastada de suas funções em processo no STJ, que, visando impedir as denúncias formuladas pelos delegados da Bahia, expediu ofício aos juízes criminais de todo estado afiançando a lisura do procedimento de interceptação telefônica e quebra de sigilo de dados, sob o controle político de Maurício Teles Barbosa.
A Polícia Judiciária da Bahia foi devastada por essa organização criminosa que além de macular internamente o sigilo das investigações e seu processamento nos termos das leis em vigor, foi ardilosamente e paulatinamente sucateada para se manter frágil, débil, servil diante desse cenário sombrio, onde a promiscuidade entre os poderes impulsionava as iniquidades jurídicas. Os ora investigados portavam-se como semideuses, que não mediam esforços para obter proveito criminoso no controle das investigações sigilosas.A luta assumida pelos delegados da Bahia contra estes desmandos criou marcas indeléveis em nossa instituição, arrefeceu nosso ânimo, nos dividiu internamente e, como erva daninha, absorveu nossas energias, ludibriou uns poucos e nos levou a um retrocesso histórico.
A sociedade baiana assiste à galopante proliferação de facções criminosas fixando seus tentáculos em todo o estado, fruto do descaso e condução equivocada dos principais instrumentos de repressão à criminalidade que estavam a serviço político e não para a repressão qualificada, como determina a Constituição Federal (CF), levando a Bahia a ser a detentora dos piores indicadores de segurança pública do Brasil, herdado ao longo dos quase 12 anos da gestão de Mauricio Teles Barbosa.
A ADPEB, representando os anseios de todos os delegados da Bahia, comunica a sociedade baiana que continuará em sua luta na defesa do estado Democrático e dos interesses da instituição policial civil, vilipendiada por essa organização criminosa.
Comunicamos ainda a toda a sociedade da Bahia que lançaremos movimento estadual interno para o resgate da Polícia Judiciária da Bahia, visando mobilizar todos os delegados na defesa e transformação dessa instituição centenária que foi sendo enfraquecida e estrategicamente controlada pelo grupo criminoso. A polícia investigativa deve garantir à sociedade um órgão imparcial, controlável e transparente, que se curva aos ditames constitucionais na defesa de bens jurídicos relevantes.
Nesse sentido, a ADPEB pretende dialogar com governador Rui Costa sobre a necessidade de reformularmos administrativamente a Policia Civil da Bahia, resgatando seus valores democráticos, reestruturando o órgão, sua autonomia, transparência, controle interno e plano de investimentos. A Polícia Judiciária da Bahia sobreviverá e saberá expurgar, peremptoriamente, tudo aquilo e todos aqueles que de forma perniciosa atentarem contra seus princípios e valores éticos.
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