quinta-feira, 18 de março de 2021

Por alta de preços, construção civil no Ceará já considera importar aço para reduzir custos

Insumo teve valorização de cerca de 100% em um ano, segundo o presidente do Sinduscon-cE, Patriolino Dias. Ele avalia que a alta deverá ser repassada ao consumidor caso os custos sejam mantidos no patamar atual 

Os empresários da construção civil cearense já estão se preparando para comprar aço do exterior para poder dar continuidade à construção de imóveis no Estado, confirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias. De acordo com o empresário, a nova estratégia está sendo pensada para reduzir os impactos da alta do aço no Brasil. 

Segundo Patriolino, o preço do insumo teve um aumento de cerca de 100% nos últimos 12 meses e isso preocupa os empresários do setor. Para tentar driblar a inflação do aço, a estratégia seria organizar movimentos de compra do insumo fora do Brasil. 

O mercado estadual mantinha a expectativa de que a alta do aço fosse algo pontual e que voltasse ao patamar considerado normal após os primeiros meses deste ano, segundo o presidente do Sinduscon-CE, o que não aconteceu. 

Dias ainda comentou que a pressão inflacionária está sendo sentida em vários outros produtos necessários para construção de imóveis, e que, se a alta continuar, o setor deverá repassar os custos ao consumidor. A decisão deverá encarecer os próximos lançamentos de apartamentos e casas no Estado.

"Em um ano, o aço dobrou de preço. Tivemos lançamentos no ano passado sem reajuste, e teremos lançamentos esse ano que ainda sairão sem reajustes de preço. Mas não teve aumento só no aço, tivemos, também, no cimento e outros insumos.Isso tudo complica muito a vida das empresas e a viabilidade dos empreendimentos. Achávamos que seria momentâneo do cenário do ano passado, mas isso tem se mantido e teremos de repassar as altas ao consumidor", afirmou Dias. 

Previsão de custos

Apesar da perspectiva apresentada, o presidente do Sinduscon-CE afirmou que ainda não é possível prever a porcentagem de aumento que deverá chegar ao bolso do consumidor. Ele ponderou que a dinâmica do mercado tem estado incerta nos últimos meses, e que seria importante checar a logística e dinâmica de cada empresa. 

"Como isso ainda é recente, eu não consigo ter um cenário mais preciso, mas estamos fazendo as contas para importar aço de fora, sim. É muito difícil precisar esses números de repasse ao consumidor porque ainda esperamos que isso possa baixar e que isso seja do momento, mas se a alta se mantiver, vamos ter de repasse. Hoje, é insustentável a gente vender pelo preço normal. O setor está assustado no Brasil inteiro", afirmou Patriolino. 

Dinâmica de mercado 

Consultado sobre o assunto, o Instituto Aço Brasil se limitou a dizer que os preços do insumo dependem da dinâmica de mercado entre comprador e fornecedor. Contudo, o Instituto afirmou, também, que o aço está passando por uma valorização mundial por conta de um novo boom no mercado de commodities, o que pode elevar os custos na indústria. 

“Por força estatutária e em respeito às regras de compliance, o Instituto Aço Brasil não comenta preço. Questões relacionadas a esse tema dizem respeito à relação comercial mantida entre fornecedor e cliente. No entanto, cabe mencionar que, ao acompanhar os índices de preço oficiais, se constata fenômeno que vem acontecendo no Brasil e no mundo. É o chamado novo ciclo das commodities / boom de commodities que vem elevando de forma expressiva o preço das matérias-primas e insumos que compõem o processo produtivo do aço e de outros elos da indústria de transformação”, disse o Instituto Aço Brasil em nota. 

Procurada também para comentar a dinâmica de mercado, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), preferiu não se posicionar sobre o assunto. 

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