quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Julgamento de acusado da morte de corretora de imóveis na Bahia é adiado

O julgamento do homem investigado por matar a corretora de imóveis Janaína Silva de Oliveira, em Salvador, em 2017, estava marcado para segunda-feira (10) e foi adiado para 3 de março de 2023. Segundo a filha da vítima, Priscila Gama, Aidilson Viana de Sousa segue solto quase cinco anos após o crime. Ele responde em liberdade. “É um verdadeiro descaso da Justiça. Apesar da gente ver que casos de feminicídios, de agressões contra mulheres serem prioridades, que são julgados mais rápido, que a pena é maior, no meu caso eu não vejo isso", disse a administradora Priscila Gama, que completou 32 anos nesta segunda.

De acordo com a filha de Janaína, a justificativa da Justiça para o adiamento do júri foi de que tem um processo mais antigo para ser julgado antes deste crime. "Já vai fazer cinco anos e até agora não teve o júri, quando teve a oportunidade de ter foi remarcado e ainda tem a situação de que ele está solto”, falou.

Em nota, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) informou que por se tratar de crime de feminicídio, o processo tramita em segredo de Justiça.

Janaína foi encontrada morta no dia 10 de novembro de 2017, dentro do apartamento onde morava com Aidilson, no bairro do Barbalho, na capital baiana. A vítima foi achada pela irmã e pela filha Priscila, na época com 27 anos (fruto de outro relacionamento).

O corpo dela tinha ferimentos de facadas e familiares da corretora atestam que foi o companheiro quem a matou.

Ainda no mês de novembro, Aidilson foi preso. Os 30 dias de prisão acabaram no dia 14 de dezembro de 2017, conforme informou o Ministério Público do Estado (MP-BA). O órgão estadual denunciou Aidilson, mas a Justiça indeferiu o pedido de prisão preventiva.

“Uma pessoa alegre, extrovertida, extremamente prestativa e companheira, apesar de que nos últimos anos de vida dela, ela se afastou bastante da família por conta do relacionamento, que ninguém aceitava”, lembrou a filha da vítima.

Priscila informou que a família não aceitava o relacionamento entre os dois por causa das agressões. "Ele já chegou a ser preso em flagrante uma vez, há muitos anos, por ter batido nela, mas ficou preso por pouco tempo", contou.


Agressões

Os parentes de Janaína disseram que Aidilson agredia a corretora constantemente. Na época do crime, uma prima da vítima disse que o homem era extremamente ciumento. Relatou ainda que a prima revelou sofrer agressões verbais e físicas do suspeito.

Uma foto divulgada pela família, mostrou a mulher com o olho roxo após ter sofrido uma suposta agressão anterior ao assassinato.

As marcas de violência, segundo os parentes, estavam espalhadas por todo o apartamento onde a vítima vivia com o suspeito. Na época do crime, a prima de Janaína, Tukka Moura, mostrou as marcas de faca na porta, pois Aidilson tentou arrombar o imóvel para agredir Janaína.

Vizinhos contaram à polícia que, na véspera do dia em que Janaína foi encontrada morta, eles ouviram barulho de mais uma briga do casal.

A família contou que, após ser golpeada, mesmo estando muito ferida, Janaína conseguiu se arrastar pelo apartamento e trancar a porta de casa, deixando o agressor do lado de fora. Mas ela não resistiu aos ferimentos.

Janaína foi enterrada no final da manhã do dia 12 de novembro de 2017, no Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação.

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