Por Lisdeili Nobre
Qual conta você paga? A do espetáculo de circo ou conta de água?
Bom se você for coerente responsável, na organização financeira de sua casa ou de uma administração pública, primeiro paga-se as necessidades essenciais e se sobrar dinheiro, vamos para a diversão.
As luzes cintilantes, o clima de inverno norte americano ou europeu, personagens natalinos como “bom velhinho” e até mesmo personagens circenses, tentam dar um toque ilusionista naquilo que realmente necessita a cidade, que é enfrentar as consequências do clima com: saneamento básico, política ambiental e política habitacional.
A administração urbana é feita para os ricos, não é feita para os pobres. Este é o parâmetro para o município de Itabuna e diversos municípios baianos. Há uma discriminação racial e social ao elaborar as políticas ambientais e empregar recursos.
O regime de chuvas e o aumento da temperatura global, prolonga o período da seca e transforma as chuvas em tempestades, ocasiona com mais frequência enchentes, alagamentos e rompimentos de barragens. Desta forma, todas estas consequências são cada vez mais sucessivas nas comunidades que invadem territórios e tem acesso escasso à água, esgoto tratado e coleta de lixo.
Todo este cenário é resultado da falta de investimento em política habitacional e política de saneamento básico aos mais pobres, aos quilombolas, as comunidades indígenas e o povo de matriz africana. Toda esta discriminação para quem se governa e para quem deixa de governar, perpassa por diversas interfaces com raízes escravocratas e com suas consequências sociais e políticas
Evidente que ao chover, uma família que jamais teve condições de adquirir e construir com todos os custos tributários e imobiliários, ao ser convidada a sair de sua casa porque está localizada em área de risco, não aceita de bom agrado.
Vivemos nas contradições: entre a injustiça ambiental na periferia esquecida há anos por diversas administrações públicas e por outro lado o centro das cidades equipados e até decorados, para uma parcela da população que é capaz de consumir.
Dois “mundos” em uma cidade.
Os lucros financeiros, alguns equipamentos de cidadania, as luzes cintilantes e piscantes de clima europeu embalando as vendas de Natal, são benefícios de alguns cidadãos e cidadãs.
São administrações municipais que operam um mecanismo desigual, do ponto de vista econômico e social. Instrumentos públicos beneficiam os que tem poder aquisitivo e os danos oriundos das perdas chuvas serão ofertados às populações de baixa renda, aos grupos sociais que sempre foram discriminados, aos povos étnicos tradicionais, aos bairros periféricos, as populações marginalizadas e vulneráveis.
O racismo ambiental está perfeitamente desenhado nos municípios baianos que estão alagados nestes dias, e mostra que a conta dos danos pesam para população mais vulnerável. Não são bonecos de palhaços e Papai Noel em clima natalino que irão promover o acesso equitativo aos instrumentos públicos necessários para o bem-estar.
Não são luzes natalinas nas principais praças que irão promover a participação das famílias à vida com qualidade e saudável. As escolhas políticas discriminatórias têm ampliado a desigualdade social.
Administrações municipais baianas “ho-ho-ho” seus bonecos ilusionistas continuam criando e ampliando os seus “apartheids sociais”.
Enfim, como disse o nosso Titã, Arnado Antunes
Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
… A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
Lisdeili Nobre é doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania, Delegada de Polícia Civil, Docente do Curso de Direito, Porta-voz Municipal da Rede Sustentabilidade de Itabuna, Cronista de diversos Blogs, Abolicionista Penal, Ativista social em projetos de Políticas Criminais de Prevenção Primária e sustentabilidade ambiental.
Meus parabéns excelente matéria!
ResponderExcluirExcelente analise, contudo, penso que nao devemos nos privar de ter um natal com apresentações culturais e momentos de laser, afinal, precisamos de um pouco de momentos de descontração com nossa família e amigos. Foram praticamente 2 anos trancados e privados de momentos assim!! A praça e pontos específicos estao lindos e dignos de uma boa comemoração, sejamos um pouco mais gratos, deixa que o espírito natalino possa aguçar e fazer morada em nossos corações. Obrigada pelo texto e tbem a Prefeitura pelo lindo natal.
ResponderExcluirUma publicação pertinente, haja vista os custos materiais e humanos dispensados e presentes na forma e formatação da administração local. Em termos simples e diretos, é certo afirmar que há apenas um propósito midiático e desprendido da lógica e racionalidade nas prioridades. " Melhor nem ter com quem contar, do que contar com quem só quer se aproveitar da boa fé dos que precisam".
ResponderExcluirAinda ontem refletia com o alunado sobre o racismo ambiental, mas numa outra perspectiva.
ResponderExcluirA professora poderia nos dizer em que consiste ser uma "Abolicionista Penal" de fato?
Obrigada!
Finalmente uma voz dissonante neste escárnio de pão e circo promovido pela administração(?) municipal de Itabuna. Uma tremenda falta de sensibilidade diante da tragédia das enchentes do ano passado e na iminência de um novo desastre se anunciando. Sem contar que em junho tivemos a realização do ItaPedro, dito como o maior São Pedro do mundo! Seria dádiva ou maldição?
ResponderExcluirExcelente texto👏🏼👏🏼👏🏼Nem só de pão vive o homem 🙏
ResponderExcluirporra bicho, gostei dessa explanação sobre a hipocrisia da elite . parabéns a aurora .
ResponderExcluirA doutoranda, delegada, deveria ler um pouco de Sociologia, Antropologia e Economia. O seu texto é pobre, sua ideia medíocre e sua visão política mínima. A cegueira, como ensino Saramago, está nos agentes estatais e na idiossincrasia da classe média.
ResponderExcluirÉ verdade!. Se olhasse para sua instituição, talvez, ficasse quieta. Quem mata, espolia e desrespeita pobres, pretos e prostitutas é o Estado que ela representa. Sua opção política partidária é democrática e bem vinda. Estuda mais doutora; fala com a gente, ouve, anda, pisa na lama, sente a poeira, a falta de investimentos do Brasil na sua gente. Pensar sobre a tecla do PC ou Note dá nisso, uma elite, nojenta...
"doutora" tenho nojo de suas matérias espero nunca precisar me encontrar com a sra porque tenho até medo e ao se tratar de uma delegada que prega um racismo velado a senhora pode me olhar e querer me prender sem motivo algum percebo em sua fala que só quer holofotes
ResponderExcluirUm tapa bem dado na cara dos "administradores" municipais.
ResponderExcluirFalou muitas verdades em um só texto, um tapa bem dado na cara dos tais "administradores".
ResponderExcluirNão me dou nem o direto de ler algo pobre que não acrescenta nada . O mundo ta aparecendo pessoas assim do nada e com apoio Dalí e dacola vai aparecendo e tenta se firmar a quem não tem opinião própria e esse tema racismo é tão delicado que as pessoas vão no automático achando que ta fazendo o correto . talvez quem enfeitou a praça não seja a pessoa mais correta do mundo mas não é disso que estamos falando . É de fato a intenção da crítica ja que não houve crime algum só a vontade de fazer algo legal pra cidade se você ver mal nisso vá se tratar
ResponderExcluirTexto cheio de mi mi mi. É só olhar o contexto que nota-se que a intenção é política e ganhar destaque em holofotes. Não se resolve os problemas sociais através do word. As pessoas tem o dom de criticar mas não apresentam solução ao problema. Na minha opinião o prefeito acertou em decorar a cidade para o natal, em nossa região fazia muito tempo que não se fazia nada parecido. Pense nas pessoas que não tem condição de festejar essa data , elas passam por alí com seus filhos tiram fotos para recordação, as crianças vêem de perto aquilo que na maioria das vezes só presencial na Tv. Este é espírito natalino, compartilhar com o próximo aquilo que se quer pra si. Vou soltar uma pergunta no ar, será que a Sra. Doutora tem feito o dever de casa ? Será que fora da tela do PC, tem agido com este mesmo pensamento exposto no texto ?
ResponderExcluirÉ racismo sim. É preconceito sim. Tudo é racismo se olharmos com os olhos da luta anti racista.
ResponderExcluirMas se o Jesus fosse negro igual ao de Ariano Suassuna - O auto da Compadecida - seria racismo ainda? O problema é a festa ou o tema da festa?
Prefiro acreditar que o problema seja não foco no necessário, o roubo. A falta de Cristo no coração dos administradores.
Sou nordestino, nunca vi neve; porém gosto do natal. No entanto, sei que essa manifestação natalina foi embalada com os dingo do dindin.
O menino Cristo Jesus na manjedoura e eu aqui gemendo igual um jumento, desejando um salvador. Não para a pátria, não para (apenas) minha cidade, para o mundo.
Finalmente alguém teve coragem de anuciar e denuciar vivemos momentos tao difícil na nossa sociedade com escacez de serviço nescessário e somos obrigados a ver um gasto absurdo em um projeto que nao dura nem 15 dias.a falta de coerência e gritante.essa decoraçao deveria ser transformada em cotas de exames em reforma de escola de em medicos nos postos em um posto de emprego em um projeto que dimuisse os empactos dac chuvas para população que sofre com as enchentes fica o povo aplaudindo luzes e sonhos e povo vivendo no pesadelo .para bem para essa mulhe que teve coragem de falar o que pensa nao nem o que pensa e anuciar e denuciar as mazelas da nossa sociedade principalmente com os que vive as margens da sociedade
ResponderExcluirSe tá bom,tá ruim,se tá ruim,tá pior ainda? Da um desconto crítico e se controle em suas palavras minha senhora! Deixa o povo se reconstruir para o bem estar mental delas,pois a vida não é feita só de desgraças. Aff
ResponderExcluirPois é, como vimos na foto a doutora é branca e a aparentemente rica. Não há nada de novo ou interessante no pretenso pensamento, pareceu até um manifesto político partidário. o artigo precisa explicar também os contigenciamento de verbas federais para educação, saúde, farmácia popular e outras coisinhas para quais os olhos da articulista não enxerga. As eleições já passou e é preciso sair do palanque. Festas comemorativas são necessárias para agradar aos comerciantes, estes sim são os pretensos bons velhinhos que estão sempre com um bom saco de dinheiro. A articulista bem que poderia chorar nos pés do caboco .Lamentável.
ResponderExcluirParabéns Dra. Em outras palavras,os mesmos que diziam que o pobre estava passando fome, são os mesmos que fazem fanfarras e gastos desnecessário para satisfazerem suas vaidades e esqueceram dos famintos, antes citados nas campanhas políticas.
ResponderExcluirArrasou!!! Sábias e verdadeiras palavras.
ResponderExcluirSe essas mensagens tocassem o ❤ do prefeito igual tocou quando ele tava encima de uma cama...
ResponderExcluirMeu amigo vc acha que esses vermes tem coração?
ExcluirEu estou aqui pensando, o q esses políticos mais querem esse fim de ano é chuva e alagamentos, eles precisam roubar mais é pra isso tem que vim mais dinheiro
Claramente ela própria está comentando na sua matéria. Mas tb como professora era péssima, pra dar um décimo na matéria a mulher era ruim
ResponderExcluirABSURDO O VALOR QUE O ALCAIDE GASTOU , COM ESSE PRESÉPIO 1.270.000.00 , A CIDADE TODA SUJA, NOJENTA, CHEIA DE BURACOS, INCLUSIVE NO BAIRRO, PERTO DA CASA 🏠 DO PREFEITO. TOMA VERGONHA NA CARA E COLOCA SUA SUA EQUIPE PRA TRABALHAR, EM PROL DA POPULAÇÃO .
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