sábado, 4 de fevereiro de 2023

Menino com “ossos de vidro” passa por cirurgia inédita em Ilhéus

O pequeno Davi Santos Souza ganhou a oportunidade que o pai e o avô não tiveram para lutar contra a mesma doença, a osteogênese imperfeita. O mal hereditário também é conhecido como “ossos de vidro”, segundo o médico ortopedista Gustavo Bahia, do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus. Internado na unidade, o menino se recupera da cirurgia a que foi submetido para prevenir lesões decorrentes da fragilidade de seu tecido ósseo. Com nove anos, ele já sofreu nove fraturas na região dos quadris e das pernas.

A primeira foi aos quatro anos, no pé. Seis meses depois, jogando bola, fraturou a tíbia. Com cinco anos, o fêmur. Já quebrou a perna ao tentar vestir uma simples bermuda. Seria uma fratura exposta não fosse a agilidade da mãe ao socorrê-lo. Davi sofre de osteogênese imperfeita, uma doença rara e hereditária que prejudica a formação dos ossos e os torna frágeis. O pai é cadeirante e sofre da mesma alteração óssea. O avô, também sofria. Ela é causada por genes defeituosos que afetam o modo como o corpo produz colágeno, uma proteína que ajuda a fortalecer os ossos.

Davi está internado desde o dia 11 no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus. Ele precisou implantar uma haste telescopada na perna esquerda. É um método de prevenção de fraturas em crianças e adolescentes em fase de crescimento. Um diagnóstico de intervenção cirúrgica que não é tão recente assim. Mas que a família vinha lutando para conseguir realizar. O Sistema Único de Saúde (SUS) não paga pela haste.

Desde que a mãe suspeitou da doença, foram inúmeras as idas e vindas ao hospital especializado, no Subúrbio de Salvador, onde realizou consultas de rotina. O sofrimento da criança – explica Luana dos Santos, de 25 anos -, começava desde o transporte na ambulância. “Ele sentia muitas dores até quando passava por um quebra-molas. Havia também o risco dele sofrer novas fraturas”, revela. Esta semana ele fez mais uma viagem para uma consulta em Salvador. A família chegou a ser aconselhada a ingressar na justiça para garantir a aquisição da haste e a cirurgia do filho. Mas sempre teve a consciência de que o processo seria lento demais para um caso que exige rapidez na solução.

CHEGADA

A história de Davi começou a mudar no mais recente acidente ocorrido com ele. Na nona fratura ocasionada ao tentar descer do sofá, Davi precisou ser socorrido pelo Samu, que o trouxe pela primeira vez para o HMIJS. O hospital não conta com um centro de ortopedia pediátrica, mas acolheu Davi e o colocou na tela do sistema de regulação do estado. O provável destino seria, mais uma vez, a capital, Salvador. “Não sei explicar. Logo que cheguei percebi que aqui era um lugar diferente, acolhedor, humanizado. Senti a energia positiva das pessoas e percebia que algo de bom iria acontecer”, disse a mãe de Davi.

A energia sentida por Luana resultou em uma grande corrente de solidariedade. A Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS) e o Governo da Bahia, através da Superintendência de Atenção Integral à Saúde, departamento responsável pela área hospitalar da Sesab, firmaram um acordo para que a haste pudesse ser adquirida e a cirurgia realizada no próprio Hospital Materno-Infantil. Uma equipe médica foi contratada para a realização da intervenção cirúrgica, sob a responsabilidade do ortopedista pediátrico Gustavo Bahia. Na última quarta-feira, o hospital recebeu um “Arco Cirúrgico”, equipamento fundamental para este tipo de cirurgia, que garante aos profissionais executores uma maior compreensão das estruturas e precisão dos movimentos.

Nos últimos dias, foram inúmeros os encontros com paciente, familiares e equipe médica, planejando todo o procedimento. “É um milagre. Não tínhamos perspectiva da cirurgia nem mesmo em outro lugar por que ela é muito cara. E ele a teve perto de casa, sem custo”, revela Luana. Nesta terça-feira (03), pela manhã, o centro cirúrgico do hospital viveu um momento histórico. Realizou três intervenções cirúrgicas ortopédicas. Dentre elas, a primeira, a de Davi.


LIMITES COM DIAS CONTADOS

Luana, a mãe de Davi, lembra que durante todo este tempo em que lutou pela cirurgia do filho, ele estudou apenas dois anos em um ambiente físico de escola. “Davi aprendeu a ler e a escrever em casa, sozinho, sem professor. A sala de aula dele é na cama. Quando tinha uma dúvida ele acionava a professora pelo celular”, revela. Brincadeiras com as outras duas irmãs e com os amigos da rua, eram impossíveis de acontecer. “Vez por outra a gente colocava ele numa cadeira de rodas e levava rapidamente à porta de casa”, explica a mãe de Davi. Mas era sempre uma iniciativa tensa, por conta dos cuidados que todos precisavam ter.

“Ele sofria muito. Toda vez que fraturava um osso ele me perguntava: por que isso só comigo? Eu tinha medo que tudo voltasse a acontecer”, esclarece. Luana e Davi não vêem a hora de voltar a uma rotina de normalidade. “Davi está feliz. Tem confiança de que vai voltar a andar. O que ele quer mesmo é ser uma criança normal. Só isso”, resume, emocionada.

8 comentários:

  1. Deus te abençoe 🙏 e abençoe essa equipe maravilhosa,Deus e o médio dos médicos, que seu filho tenha uma boa recuperação e seja feliz 🙏👏

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  2. Atentem bem para os principais tópicos da matéria, tudo é extremamente difícil para o povão pobre, miserável e ignorante. Especialmente se for trabalhador e honesto. Enquanto isso, qualquer criminoso apenado e preso, necessitando de qualquer tipo de cirurgia, implante ou procedimento médico-hospitalar, a "justiça" ORDENA que seja executado, independentemente de onde o bandido esteja.
    Em outra situação, não menos esdrúxula, os políticos, apesar de auferirem mensalmente salários milionários, possuirem todas as regalias imagináveis para um residente no PARAÍSO. Em certos casos, nem mesmo os sheiks e marajás da OPEP possuem tantas e inimagináveis benesses, tendo todas as suas contas e enriquecimento ilícito, cruel e desumano pagos por famintos e desprotegidos da sorte, também possuem o DIREITO LEGAL de se sobrepor às necessidades dos cidadãos de BEM, pois estes, por serem DISPENSÁVEIS, estão a sobrar. Fácil de explicar, difícil de entender!
    Mas, a pergunta que nos fazemos é, porque tais "DISCREPÂNCIAS SURREALISTAS" ocorrem no Brasil? Para que possamos entender tais anomalias, basta que nos fixemos no entendimento do caráter ou ausência de, de um povo ignorante, estúpido, obtuso, desonesto... Fácil de entender, fácil de explicar!

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  3. Glória a Deus
    Toda sorte de bênçãos para essa família
    Até que enfim uma notícia boa.

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  4. Que saga dessa criança que história fascinante de superação um paradigma representando a humanidade.

    O mundo literalmente precisa solidarizar com essa família, com essa flor, com esse broto do cacau, o birro do cacau para seu desenvolvimento saudável e que bons chocolates amanhã há de ser colhidos e servir como exemplo.

    Histórias envolvendo criança sendo tratada feito lixo, desprezada, morrendo a mingua são mostrada nesse espaço que causa ojeriza ao leitor, muitas vezes esse comentarista se manifestou contra os gestores públicos e falta de amor ao próximo com agravante, principalmente as crianças.

    A saga desse anjo, único anjo que nós nos vermos na terra são as crianças, embora os anjos existem, esse comentarista nenhuma dúvida tem, bem como nesse leito a criança sendo cuidado por "anjos" os médicos.

    A saga desse criança é um paradigma que sem sombra de dúvida vem mostrar que os anjos existem aqui na terra, enfim, uma história, uma saga que envolve o cognitivo da humanidade.

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  5. Fox preto jsn3j14 atenção nele

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  6. Amém. Deus te abençoe Davi.

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  7. https://www.youtube.com/watch?v=OFa78S8-2rY

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  8. Grande é o senhor meu Deus e toda honra e glória pro nosso amiguinho Davi , que Deus te abençoe vc e sua família.

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