Um estudante de Medicina acusa a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) de falta de políticas de inclusão. Diego Reis Martins, de 27 anos, tem transtorno do espectro autista e diz estar sem frequentar as aulas por falta de inclusão.
Diego é natural do Espírito Santo e se mudou para Salvador com a mãe em 2020, após conquistar a única vaga destinada às pessoas com transtorno do espectro autista para o curso de Medicina.
Ele disse que a instituição não tem preparo para lidar com pessoas autistas. "Eles não são capacitados. Não têm preparo nenhum para lidar com quem é diferente", lamentou.
Denise Reis, mãe de Diego, o acompanhou nas aulas e disse que houve exclusão por parte dos professores.
"Um professor falou em sala que aquele não era um lugar para pessoas que não falam, e que um médico tem que falar. Uma professora não deixou ele usar um aparelho e disse que ele só usaria se tivesse um monitor na sala. Como não tinha esse monitor, todo mundo usou e ele não", desabafou a mãe.
A Uneb aprovou, em 2022, uma resolução que justifica a política de acessibilidade para pessoas com deficiência, transtorno global do desenvolvimento, transtorno do espectro autista, altas habilidades e outras necessidades específicas e temporárias.
A política inclui adequação de mobiliário, espaços, equipamentos, tecnologia assistiva, além da contratação de profissionais especializados e formação continuada em acessibilidade e inclusão para todos os funcionários.
A resolução também prevê para a pessoa com espectro autista garantia da matrícula e acesso ao curso, assim como assistência especializada e flexibilização curricular. No entanto, de acordo com Diego e Denise, essas medidas não são tomadas pela instituição de ensino.
Eles informaram que há dois anos e meio fizeram vários requerimentos à Uneb com solicitações de profissionais pedagógicos capacitados para atendimento a Diego.Um laudo psicológico do curso preparatório do Ensino Nacional do Ensino Médio (Enem) que Diego fez informa que ele tem altas habilidades e grande capacidade de foco e atenção, além de interesse nas áreas de descobertas científicas e avanços na área médica. O laudo também informa que o principais problemas de Diego são nas áreas de comunicação e socialização.
A diretoria da Uneb informou que a instituição tomou medidas para garantir o acesso de Diego às aulas. De acordo com Magno Mercês, diretor de departamento da Uneb, a entidade concorda que há necessidade da adaptação do curso para Diego e outros autistas.
"Nós nunca estamos preparados. É um processo. É uma cultura que precisa ser implantada e que bom que ela vem sendo implantada desde 2018 quando foi pensada essas sobrevagas", disse o diretor.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) apura a denúncia desde setembro de 2022 e se reuniu com representantes da instituição e a família do estudante. O MP-BA deu um prazo para que a Uneb se manifestasse sobre ações tomadas no caso. No entanto, a instituição de ensino não respondeu.
Nesta terça-feira (27), um novo ofício do Ministério Público da Bahia foi encaminhado à universidade e cobra informações. Às informações são do g1
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