A mãe de uma criança autista que denunciou discriminação na loja Riachuelo, no Shopping Boulevard, em Feira de Santana, afirmou nesta segunda-feira (20), que em momento algum solicitou a demissão da operadora de caixa envolvida na denúncia. A mulher nega que cometeu discriminação, mas foi demitida devido a ocasião.
"Eu queria pedir a todos que antes de me julgar, vejam o meu lado. Em nenhum momento do vídeo, na administração [da loja], nem na minha denúncia eu pedi demissão de ninguém, peço respeito", afirmou Carla Gurgel.
O caso aconteceu na última quinta-feira (16), quando a mãe da criança foi para um caixa da loja, apresentou uma carteira de identificação de autismo do filho e solicitou prioridade no atendimento no caixa, conforme determinado pela legislação.
Em seguida, uma funcionária pediu que outra colega recebesse o pagamento e a trabalhadora, após finalizar o atendimento da mãe da criança, teria dito para a colega: "não me passe essas bombas". A funcionária apontada como autora da ação foi demitida pela Riachuelo e nega as acusações.
Carla Gurgel disse em entrevista à TV Subaé, afiliada da TV Bahia em Feira de Santana, que quando ouviu a frase da funcionária, questionou a mulher e a gerente da loja, que disse "não poder fazer nada à respeito".
A mãe da criança decidiu gravar o vídeo, enviar em grupos de aplicativos de mensagens com outras mães e as imagens viralizaram nas redes sociais. Carla disse que assim como o filho, todas as pessoas com deficiência merecem ser acolhidas.
"Quem quer que seja que estivesse no momento, iria agir da mesma forma. O julgamento da internet é cruel e as pessoas não sabem o quanto isso está impactando na vida da minha família", afirmou a mulher.
Carla ainda disse que abdicou da da carreira profissional para poder cuidar do filho, e que também é julgada por isso.
"As pessoas questionam até a minha profissão, mas ali eu não estava pedagoga e psicóloga, estava mãe. Abdiquei três anos da minha carreira para cuidar da evolução de Mateus, para ver uma criança independente. Hoje ele não é. Tem apraxia da fala, usa fralda, não sabe dizer que está com fome e com sono", desabafou a mãe da criança.
A funcionária nega as acusações, afirma que não sabia que a criança é autista e que Carla apresentou a carteirinha de identificação, que dá direito a atendimento prioritário, para outra funcionária.
Ela disse que não se referiu ao filho de Carla Gurgel como uma "bomba", e contou que esse é um termo utilizado para se referir a compras que não serão pagas com o cartão Riachuelo, porque desta forma não alcançaria as metas impostas pela empresa.
A operadora de caixa relatou que foi demitida por justa causa e que além da comunicação de rescisão do contrato, recebeu duas advertências da loja. A mulher disse que vai entrar com processo judicial contra a Riachuelo.
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