O que começou como uma denúncia individual feita por uma aposentada de Feira de Santana, no interior da Bahia, acabou se transformando em um dos maiores escândalos recentes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo reportagem do Fantástico, a beneficiária procurou o Ministério Público Federal (MPF) para denunciar descontos indevidos em seu benefício previdenciário, realizados sem qualquer autorização.
A persistência da aposentada levou o MPF a abrir uma investigação que teve início com uma associação localizada no estado de Sergipe, onde estava registrada a sede da entidade responsável por alguns dos descontos. Com o avanço das apurações, foi revelado um esquema de cobranças fraudulentas que atinge ao menos 4 milhões de aposentados e pensionistas em todo o país, com valores desviados que ultrapassam R$ 6 bilhões.
As investigações, conduzidas com apoio da Polícia Federal, revelaram que os descontos eram aplicados sob a justificativa de mensalidades associativas, muitas vezes sem o conhecimento ou consentimento dos segurados, principalmente idosos das zonas rurais, que enfrentam dificuldades de acesso à informação e meios de contestação.
A repercussão do caso foi tamanha que acabou provocando uma crise no governo federal. O então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, deixou o cargo em meio à pressão e à responsabilidade institucional sobre o escândalo.
O Ministério Público continua aprofundando as investigações para responsabilizar judicialmente as entidades envolvidas e garantir a restituição dos valores indevidamente descontados. Paralelamente, o INSS informou que trabalha na reformulação dos procedimentos de autorização para qualquer tipo de desconto em folha dos beneficiários.