O Brasil vive a expectativa para a revelação do assassino de Odete Roitman. Na dramaturgia, o público saberá a resposta nesta sexta-feira (17), quando encerra a novela Vale Tudo. No entanto, se a novela se passasse na Bahia, o capítulo final provavelmente não terminaria com a descoberta do culpado.
Essa afirmação tem como base a pesquisa Onde Mora a Impunidade, realizada pelo Instituto Sou da Paz, que aponta que apenas 13% dos homicídios dolosos cometidos na Bahia em 2023 foram esclarecidos, sendo o menor do país entre os estados que forneceram informações para o levantamento. Naquele ano, 4.461 crimes contra a vida foram registrados em território baiano, com 572 mortes esclarecidas.
A metodologia considera crimes esclarecidos, aqueles em que ao menos um dos autores é denunciado em até dois anos após o caso. Os dados têm como base as ocorrências de homicídio doloso denunciados criminalmente e foram fornecidos pelo Ministério Público ou Tribunais de Justiça de cada unidade federativa. Dez estados foram desconsiderados por fornecerem informações incompletas.
“Cerca de dois terços dos crimes são denunciados no mesmo ano. Uma atuação rápida das equipes de investigação, desde o isolamento até a perícia, é fundamental para que se consiga bons elementos de prova. Essa celeridade garante que o processo siga de uma forma mais robusta até uma efetiva condenação”, explica a coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Beatriz Graeff.
Os dados da Bahia foram fornecidos pelo Ministério Público (MPBA) e mantêm a média dos anos anteriores. Dos crimes registrados no estado em 2023, 11% foram esclarecidos no mesmo ano, enquanto apenas 2% tiveram resolução no ano passado. Apesar de solicitado, o órgão não informou idade, raça ou sexo das vítimas.
A medição no estado começou em 2017 com o estado registrando 20% de esclarecimento e alcançando o maior índice em 2019, com 24%. O número caiu pela metade em 2020, variando entre 12% e 15% nos anos seguintes.
“A Bahia sempre esteve entre os piores desempenhos do país. É importante considerar que o estado vive uma situação já consolidada de disputa de facções criminosas, mantendo a taxa de homicídios sempre muito alta. Isso faz com que a estrutura do estado esteja sempre defasada e correndo atrás de um volume grande de mortes para investigar”, continua Beatriz.