quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Bebê morre após atendimento em unidades de saúde na Bahia; família alega negligência médica


Um bebê de 1 ano e 10 meses morreu depois de dar entrada em duas unidades de saúde na Bahia. A família alega que houve negligência no atendimento, porque o garoto foi liberado por uma dessas e não conseguiu internação em um hospital em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.

Mequias Santos apresentou sintomas gripais na terça-feira (16) e foi levado, pela mãe, Vanusa Santos, para o Pronto Atendimento de Praia do Forte, distrito de Mata de São João, também na RMS.

De acordo com Paloma Soares, tia do garoto, ele foi atendido por um médico, que receitou duas medicações e um xarope para o tratamento. Segundo Paloma, um dos remédios receitados era de uso restrito, que o garoto não podia fazer uso por causa de problemas renais.

Mesmo com o alerta da família, a criança foi medicada com a substância. Depois disso, Mequias teve alta médica. Como não houve melhora no quadro de saúde, a mãe retornou com ele outra vez ao mesmo Pronto Atendimento, na quinta-feira (18), dois dias depois.

De acordo com a família, na segunda vez Mequias foi atendido por uma médica, que receitou a aplicação de benzetacil, um antibiótico. Paloma acrescentou que não havia a medicação na unidade e a família foi orientada a comprar e retornar para aplicação.

“Assim a minha cunhada fez: comprou e levou para ser aplicada. Foi uma dose única de adulto, de 1200 mg. Uma criança poderia tomar. Depois da aplicação, ele voltou para casa novamente”, disse ela.

Já de volta em casa, o bebê apresentou um inchaço na barriga. Na sexta-feira (19), sem ver melhoras mesmo com a aplicação das medicações, a mãe levou Mequias para uma outra unidade de Pronto Atendimento, em Monte Gordo, distrito de Camaçari.

Os parentes do garoto disseram que, na unidade, os médicos administraram um remédio para pacientes com excesso de gases no aparelho digestivo, e redução do volume abdominal.

A tia do menino acrescentou que Vanusa apelou para que ele fosse levado ao hospital na sede da cidade, mas ficou no local por mais de cinco horas à espera da ambulância. Segundo Paloma, o veículo estava parado na unidade e os profissionais só fizeram um atendimento adequado quando viram o menino “desfalecer nos braços da mãe”.

“Na sexta pela manhã, ela [a mãe do menino] já foi para Monte Gordo. Chegando lá, umas 9h, ele só foi consultado e tomou Luftal porque a barriga estava inchada. Ficou esperando o Samu. Porem das 9h às 14h tinha uma ambulância parada na unidade e não quiseram fazer a transferência”, comentou Paloma.

Quando o garoto apresentou uma visível piora, segundo a família, os profissionais o puseram na ambulância que estava no Pronto Atendimento e o levaram à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) pediátrica, do Centro de Atenção à Saúde da Criança, na sede de Camaçari. No entanto, segundo a família, ele morreu ainda no veículo a caminho da unidade.


O que dizem os responsáveis

A Secretaria da Saúde de Mata de São João disse que a criança foi atendida na tarde de quinta-feira no Pronto Atendimento de Praia do Forte, medicado, estabilizado e liberado em seguida. O órgão disse também que não havia sido notificado sobre a morte do garoto até segunda-feira (22), nem sobre a causa do óbito.

A secretaria acrescentou que aguarda informações. e que vai apurar com “total precisão e com extremas responsabilidade e transparência, e tomar as medidas cabíveis”.

Já a prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), disse que o médico do Pronto Atendimento de Monte Gordo prescreveu medicações para aliviar a dor intensa e para controlar a febre persistente, de acordo com os sintomas que a família relatou.

Ainda segundo o órgão, o caso evoluiu para gravidade, e a sala vermelha – destinada a esse tipo de paciente – estava ocupada. Por isso, a equipe médica decidiu remover a criança para a UPA pediátrica na sede da cidade.

A Sesau disse ainda que Mequias saiu da unidade de Monte Gordo por volta das 13h25 de sexta-feira e recebeu todo suporte possível. Ao chegar na UPA, ele apresentou problemas de emergência e não resistiu mesmo após tentativas de reanimações cardíacas. (Com informações do G1)


2 comentários:

  1. O mais revoltante em todos os episódios de humilhação e crueldade na falta de atendimento aos miseráveis desamparados, são as versões que são apresentadas pelos responsáveis após a morte das vítimas, que sempre apontam argumentos mentirosos, desvirtuando os fatos e apresentando as vítimas, pessoas ignorantes, como se fossem os verdadeiros culpados além de mentirosos. É o cúmulo da insensibilidade, da crueldade e ausência de solidariedade.
    Isto é mais um fato que espelha a qualidade da "saúde tamanho G", como se refere a propaganda oficial de custo milionário do "governador" da Bahia.

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  2. Um joga pro outro e pra família só resta a dor e a saudade pq explicação plausível nunca vai ter.

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