segunda-feira, 8 de maio de 2023

Machismo empático dispensável

Doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania, Delegada de Polícia Civil, Docente do Curso de Direito na Rede UNEX, Cronista de diversos Blogs, Abolicionista Penal, Ativista social em projetos de Politicas Criminais de Prevenção Primária e sustentabilidade ambiental e Apresentadora do Política sem Mistério transmitido pela TV-Itabuna

Assistimos nos últimos dias um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou a cassação de vereadores eleitos pelo partido Cidadania, em Itaiçaba (CE), em virtude de fraude do diretório na cota de gênero nas eleições municipais de 2020. Não é nenhuma novidade termos julgamentos na Justiça Eleitoral, em virtude da utilização de candidaturas femininas para interesses partidários masculinos, assim como, não é nenhuma novidade fundamentações em decisões judiciais impregnadas de machismo, o que dificulta a isonomia de direitos às mulheres.   

“Eu acho que devemos ter uma empatia com as mulheres candidatas”. Esta frase é do Ministro Cassio Nunes, a qual representa bem o machismo com tonalidades de moderação. 

Com um olhar desatento, poder-se-ia achar o Ministro Cássio Nunes um “fofo”, ou aquele que consegue sentir um afeto capaz de dimensionar a opressão feminina secular. 

Mas trata-se do velho e ao mesmo tempo tão atual, o afeto patriarcal, que subtrai a liberdade e autonomia das mulheres. Não é de empatia que as mulheres necessitam, mas sim de liberdade, educação e exercício cívico, que possam proporcionar o alcance e permanência das mulheres nos espaços de poder, sem a representação e auxílio de qualquer tutor ou administrador de suas vidas.

Senhor Ministro seu afeto e seu reconhecimento não derrubam anos de opressão feminina que priva a igualdade das mulheres nos espaços públicos e privados, o que resulta em todas as formas de violências suportadas diariamente, sobretudo pelas mulheres negras. 

A singela e afetuosa fala do Ministro Cássio Nunes não é nenhum exercício político e judicial que possa colaborar com o rompimento das estruturas patriarcais, mas ao contrário sua fundamentação judicial mantém a lógica do cuidado patriarcal que governa e subtrai a autonomia feminina.     

Frequentar escola, acesso às faculdades, filiar a partido político, votar, divorciar, ter cartão de crédito, jogar futebol, criação de DEAMs, igualdade de direitos constitucionais, lei do feminicídio e importunação sexual, foram direitos conquistados lentamente, com séculos privações e sangue de muitas mulheres. Toda esta dor secular não é em busca de um afeto masculino, mas sim de liberdade e autonomia para fazer suas escolhas e exercícios sociais, profissionais e ideológicas.  

Ao menos por hora, tivemos uma mulher, ministra Carmem Lúcia que dissesse algo que eles (homens) já sabem, mas por ocuparem hegemonicamente os espaços de decisões, não admitem materializar a necessária isonomia de direitos previsto na nossa Constituição Federal, apenas manifestam empatia.  

Vale apena terminar esta crônica apropriando das precisas palavra da Ministra do STF Carmem Lucia: 

"Nós, mulheres, sabemos o que é ser tratada em desvalor.  Não é desvalorizando e achando que mulheres são coitadas, porque não somos. Somos pessoas autônomas, em condições iguais a dos homens e, por isso, quando se fala que o partido abandonou, como outrora se diz, porque o marido abandonou a coitada. Não tem coitada, não. Nós não queremos ser coitadas, queremos ser cidadãs".


Doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania, Delegada de Polícia Civil, Docente do Curso de Direito na Rede UNEX, Cronista de diversos Blogs, Abolicionista Penal, Ativista social em projetos de Politicas Criminais de Prevenção Primária e sustentabilidade ambiental e Apresentadora do Política sem Mistério transmitido pela TVItabuna

6 comentários:

  1. Ok...
    Mas afinal, estamos ou não em uma democracia ?
    Os direitos e deveres independentes de sexo ou etnia devem ou não abraçar a todos ? Ou estamos a todo o custo e por todos os meios reinventar uma "democracia" especialmente trabalhada, que atenda aos caprichos de alguns ?

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  2. Vá se lascar... Essa prezepada de cotas para mulher na política é ridículo.
    Qualquer pessoa pode se candidatar.

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  3. MIMIMI... Rapaz... complicado... eleição quem elege é o povo... se a mulher se candidata e não é eleita, a culpa é só por ser mulher ou pq não passou a confiança necessária para ganhar o voto? Ou falta de empatia... enfim... aí quando um "fofo" aparece para defender, acham ruim... então... vão lavar prato!

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  4. Deve ser mesma empatia que Deputada Lídice das mata cobra de mais mulheres na política ganhou 3 milhões partido PSB vide fundão eleitoral enquanto a outras 12 mulheres somando todas somente 250 mil PSB doou.

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  5. se fosse o xandão pode ter empatia né ?

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  6. machismo empático porque foi o ministro Cássio Nunes. O larápio de 9 dedos, enfiado na presidência pelo stf, chama as mocreias do partido de grelo duro, disse que o RGS é terra de viado, recentemente, chamou pessoas autistas com outras necessidades intelectuais de "parafuso solto", entre outras atrocidades. Mas o larápio de estimação pode. Ele, sim, sabe ser "fofo" e afetuoso. Poupe-me de tanto besteirol.

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