domingo, 19 de novembro de 2023

Marcos Mion comenta denúncia de discriminação contra autista na BA e critica demissão

O apresentador Marcos Mion, que tem um filho autista, comentou o caso em que uma mulher denunciou, nas redes sociais, que o filho dela, que é autista, sofreu discriminação de uma funcionária da loja Riachuelo, na cidade de Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador. (Relembre aqui e veja o vídeo do caso Karla Gurgel e seu filho).

O caso teria ocorrido na quinta-feira (16) e a mãe da criança, identificada com Karla Gurgel, é natural de Alagoas, mas mora em Feira de Santana. A vendedora apontada como autora foi demitida e nega as acusações. A loja foi notificada pelo Procon neste sábado (18).

Mion fez dois vídeos sobre o caso e, no mais recente, publicado neste sábado (18), disse que a situação é triste tanto do ponto de vista da mãe e do garoto, quanto da funcionária. Ele destacou que a situação demostra que as empresas não preparam seus funcionários para atendimento a pessoas com algum tipo de deficiência.

Ele disse que considerou a demissão da funcionário como a pior decisão. O apresentador disse ainda ter assistido ao vídeo da ex-trabalhadora e que acreditou em suas palavras.

"Eu não acredito em cancelamento, eu não acredito em execrar uma pessoa por falta de conhecimento. Sempre defendo que a gente tem que entender e acolher, porque ninguém tem a obrigação de nascer sabendo. Num caso como esse, a demissão é a pior atitude possível, porque tira do envolvido, da moça do caixa, a possibilidade de aprender, de evoluir, porque essa é a nossa obrigação", disse o apresentador, que é pai de Romeo, de 18 anos, que tem transtorno do espectro autista.

O apresentador pediu uma mudança de postura de empresas que prestam os mais diversos tipos de atendimento. Ele disse que é preciso investir em treinamentos e lamentou a demissão da funcionária e pediu que a empresa reveja a decisão.

"Acho drástico ela ter sido demitida, e lanço aqui a ideia: desejo que a empresa reveja essa decisão, e quem sabe transforme ela, e essa situação toda, num símbolo de mudança, onde todos os funcionários dessa rede gigantesca passem a ter treinamento adequado para lidar com PCDs de todos os tipos, e que a sociedade dê mais um passo para o respeito e igualdade", defendeu.

A Polícia Civil informou em nota que o caso será investigado. No vídeo registrado por uma pessoa que acompanhava Karla, é possível vê-la dizer que após escolher o produto que iria levar e ir ao caixa para pagamento, ela apresentou uma carteira de identificação de autismo do filho e solicitou prioridade.

Em seguida, uma funcionária pediu que outra colega recebesse o pagamento e a trabalhadora, após finalizar o atendimento da mãe da criança, teria dito para a colega: "não me passe essas bombas não".

"Meu filho não é bomba. Não gostei. Eu exijo respeito com os autistas, pessoas com deficiência, porque eu sou mãe e ninguém aqui está livre de ter um filho com deficiência. E eu não aceito, porque já é difícil uma luta de uma mãe com uma criança que vem em um shopping para comprar uma roupa", desabafou Karla.

A funcionária apontada por discriminação contra o filho de Karla Gurgel negou as acusações. Em um vídeo enviado para a produção da TV Subaé, filiada da TV Bahia na região, ela relatou que em nenhum momento destratou Karla e a criança.

A mulher disse ainda que não se referiu ao filho de Karla como uma "bomba", ela contou que esse é um termo utilizado para se referir a compras que não serão pagas com o cartão Riachuelo, porque desta forma não alcançaria as metas impostas pela empresa.

"A partir do momento que minha colega que estava no [caixa] preferencial trouxe ela [Karla] para o meu caixa eu perguntei por que ela [funcionária] estava passando [a cliente] para mim e minha clega simplesmente virou as costas, sem me responder. Eu atendi super bem ela e a criança", disse a ex-colaboradora.

Em nota, a Riachuelo informou que lamenta o acontecido e diz que a colaboradora foi demitida. Disse ainda que o comportamento da funcionária não condiz com os valores e praticados pela loja. [Veja nota na íntegra no final da matéria].

O Shopping Boulevard também emitiu nota de esclarecimento. Disse que a abordagem da colaboradora não está em conformidade com as orientações de atendimento ao público e boas práticas adotadas pelo estabelecimento comercial.

Karla disse que pretende acionar a Justiça contra a Riachuelo e o Shopping Boulevard. Neste sábado, a Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA) notificou a loja Riachuelo. O órgão fez uma série de questionamentos como quais são as regras e critérios estabelecidos pela Riachuelo para o atendimento das pessoas com deficiência.

Nota de pronunciamento da Riachuelo

Nós da Riachuelo lamentamos o ocorrido em nossa loja em Feira de Santana e pedimos desculpas. O comportamento da ex-colaboradora no atendimento não condiz com os valores defendidos e praticados por nós da Riachuelo.

A empresa hoje conta com ciclos obrigatórios e periódicos de treinamento ao atendimento ao cliente, sempre em evolução e atualização, reforçando acima de tudo que o respeito a todos é inegociável. A partir desse caso, e em busca de que situações como essa não voltem a ocorrer, já está em implantação uma nova rodada extraordinária de treinamentos e capacitação da nossa força de vendas.

Reforçamos nosso compromisso constante com o cuidado para que todos se sintam bem-vindos e acolhidos em nossos espaços.

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