Após 37 anos, dois filhotes de ararinha-azul (espécie Cyanopsitta spixii) nasceram no município de Curaçá, no norte da Bahia. A espécie é considerada endêmica da região, o que significa que ocorre exclusivamente na área do sertão baiano. O nascimento foi há 10 dias, mas só foi divulgado nesta segunda-feira (30) para garantir a segurança das aves.
Segundo os pesquisadores do projeto, a taxa de sobrevivência é muito baixa nas primeiras semanas após o nascimento. Por isso, especialistas que fazem parte do projeto evitaram acessar o ninho para não perturbar os animais.
Os filhotes são fruto do casal formado pelo macho "Bizé", que recebeu o nome em homenagem a um morador curaçaense, com uma fêmea liberada em dezembro. Esse casal e os filhotes recém-nascidos formaram a primeira família em vida livre.
Os filhotes são monitorados e a reprodução aconteceu em dos ninhos artificiais fixados no alto de uma caraibeira, uma das árvores preferidas das ararinhas.
"A primeira ninhada de ovos se mostrou infértil, mas a determinação do casal prevaleceu, e a segunda ninhada continha dois ovos férteis, levando ao nascimento de dois filhotes saudáveis", disse o diretor da Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP) no Brasil, Cromwell Purchase.
De acordo com os pesquisadores, os pais de primeira viagem estão se saindo bem nos cuidados iniciais, o que representa mais um marco promissor para o futuro da espécie.
"Essa notícia nos enche de esperança e motiva para continuarmos firmes no trabalho fundamental de reflorestamento junto à comunidade, para que possamos proporcionar para a nova geração de ararinha-azuis alimento e moradia em seu novo lar", contou o diretor da Bluesky, Ugo Vercillo, responsável pelo projeto de reflorestamento das unidades de conservação e parceira na gestão do Centro de Reintrodução da Ararinha-azul.